13 Fevereiro 2024

Christa Rhiner da Fundação Champalimaud Recebe Financiamento ERC-Portugal para Investigação Cérebro-Corpo

Christa Rhiner, responsável pelo Laboratório de Células Estaminais e Regeneração na Fundação Champalimaud, recebeu o financiamento da ERC-Portugal pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Este financiamento, atribuído ao "BrainSySTEMic", irá permitir avanços na compreensão da ligação entre respostas locais e sistémicas (em todo o corpo) iniciadas por danos cerebrais.

Christa Rhiner da Fundação Champalimaud Recebe Financiamento ERC-Portugal para Investigação Cérebro-Corpo

O projeto de Rhiner procura entender os circuitos moleculares e celulares que ajudam o cérebro a recuperar de lesões. Danos no sistema nervoso interrompem as redes formadas por fortes ligações entre  células cerebrais, levando a drásticas alterações nas interações celulares, processos que não são ainda bem compreendidos. O projeto BrainSySTEMic foi desenhado para decifrar os diálogos moleculares interrompidos em tecidos cerebrais lesionados e descobrir novas vias de comunicação que promovem a regeneração e fortalecem a capacidade de recuperação por parte do cérebro.

O financiamento ERC-Portugal da FCT garante apoio vital a projetos de elevada  qualidade, como o BrainSySTEMic, que, apesar de terem sido classificados como excelentes, na sequência da sua apresentação final a um painel de seleção do Conselho Europeu de Investigação (ERC), não receberam financiamento por limitação de recursos. 

Usando o modelo da mosca da fruta para estudar lesões cerebrais em adultos, a equipa de Rhiner contribuiu para uma maior compreensão dos mecanismos de reparação chave no cérebro. Esta abordagem revelou uma rede crucial de comunicação célula a célula que ativa células cerebrais dormentes capazes de fornecer novas células para a reparação do tecido - um fenómeno observado não apenas em moscas da fruta, mas também em mamíferos como os ratinhos. O projeto visa aprofundar ainda mais o conhecimento, e estabelecer de que forma as lesões cerebrais alteram as propriedades das células e redes cerebrais, descobrir mecanismos de regeneração e investigar como tais lesões impactam o funcionamento de outros órgãos no corpo.

Recorrendo a uma abordagem abrangente, o BrainSySTEMic irá focar-se em  três aspetos-chave da lesão cerebral e recuperação ao nível do tecido e do organismo. A estratégia inclui:

1.  Mapear as alterações moleculares em diferentes células cerebrais após lesão;
2.  Identificar circuitos celulares e moleculares que promovem a reparação;
3.  Explorar como as lesões cerebrais afetam outros órgãos no corpo, seguindo o trajeto de  sinais do cérebro para tecidos na periferia.

Destacando as implicações mais amplas desta investigação, Rhiner nota, "Danos no tecido cerebral afetam significativamente o funcionamento de outros órgãos no corpo, mas os mecanismos por trás disto ainda são um mistério. Graças a este financiamento ERC-Portugal, temos a oportunidade de estudar como uma lesão num órgão pode impactar a função e vulnerabilidade a doenças de outro órgão".

O projeto está preparado para fazer avanços significativos na compreensão de como o cérebro comunica com o resto do corpo durante a recuperação. Rhiner acrescenta, "Com o generoso apoio da FCT, podemos agora estudar as moléculas que o cérebro liberta para instruir os outros órgãos. Utilizaremos métodos de alta resolução para seguir  proteínas em conjunto com o nosso modelo de mosca da fruta, um sistema genético excelente para estudar a comunicação entre orgãos. Além disso, estudos preliminares usando este modelo mostraram que os órgãos periféricos da mosca sofrem alterações semelhantes às observadas  em doentes após lesão cerebral, destacando a relevância do modelo para a saúde humana".

Rhiner conclui, "Esperamos que as descobertas do BrainSySTEMic possam estabelecer conhecimento fundamental para a aplicação de novas estratégias regenerativas para a saúde cerebral e corporal. Este trabalho preliminar tem o potencial de abrir o caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos que consigam melhorar a reparação de tecidos, controlar doenças crónicas e prevenir o aparecimento do cancro".
 

Texto por Hedi Young, Editor e Science Writer da Equipa de Comunicação, Eventos & Outreach da Fundação Champalimaud.
Traduzido por Catarina Ramos, Coordenadora da Equipa de Comunicação, Eventos & Outreach da Fundação Champalimaud.
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