12 Dezembro 2025

A fronteira dos nossos sonhos

20 Anos, 20 Histórias
— Antes e depois com Maria João Villas-Boas

Maria João Villas-Boas

Maria João Villas-Boas começou a seguir os passos da Fundação Champalimaud (FC) desde os seus primórdios. “Fiquei fascinada, muito fascinada” disse-me, quando lhe perguntei quando tinha sido a primeira vez que tinha ouvido falar da mesma. Seguia o trabalho de Leonor Beleza de perto através de artigos em jornais e a visão tão clara que tinha para a FC impressionou-a.

Pela sua vasta experiência em comunicação e organização de eventos, particularmente, na Torre de Belém, local onde a FC gostaria que a cerimónia de entrega do primeiro Prémio Visão tivesse lugar em março de 2007, foi convidada a colaborar. Ao saber que para o evento se esperavam cerca de 300 convidados, e que a Torre de Belém apenas poderia receber cerca de 70, disse à sua maneira tipicamente direta: “Nem nos calabouços cabemos!”. Sugeriu então que a cerimónia se realizasse no Mosteiro dos Jerónimos, local que também transmitia o espírito dos descobrimentos e do desconhecido que faziam parte da identidade da FC desde o seu nascimento.

O evento foi um sucesso e, mais tarde no mesmo ano, Maria João foi convidada a juntar-se à equipa da FC. Recorda que os primeiros dias, ainda nos escritórios da Praça Duque de Saldanha, foram passados com sete pessoas “com imenso humor, imensa alegria, e imensa vontade de futuro”. “Tinham uma coisa muito especial”, conta-me, “que parecia escrito em pedra e que era muito fora do normal em Portugal na altura: nunca se diz não a nada. Analisa-se e depois decide-se”. Foi também com este espírito que Leonor Beleza lhe respondeu quando Maria João perguntou o que queria exatamente que fizesse, que Maria João recorda vivamente: “olhou para mim, com uns olhos muito abertos, e disse: tudo!”. Maria João riu-se e disse-me, enquanto a entrevistei: “Este fazer tudo envolve alguma loucura, não acha?”. E eu respondi com outra pergunta: “E alguma paixão também?!”. Ao que Maria João me respondeu de imediato: “Pois, mas paixão é loucura também!”. E rimo-nos.

Desde o início da sua viagem na FC no Champalimaud Centre for the Unknown, como Institutional & Public Relations Coordinator, Maria João já acompanhou mais de 17 mil visitantes, um número extraordinário que reflete o posicionamento e reputação da Fundação. Estas visitas, explicou, são uma forma de cumprir a função social da FC, e confessa que tem muito gosto quando volta a encontrar estes visitantes, sejam eles alunos, participantes de eventos, ou colaboradores atuais da FC que a abordam anos mais tarde e ainda se lembram como a experiência os marcou. 

A visão de ter “médicos e investigadores a trabalhar lado a lado” concretizou-se. Para Maria João, que contribuiu para o percurso da FC, esta é uma grande mudança que viu acontecer. Hoje, esta integração é uma realidade e uma das características que ganhou reputação internacional, e que acompanha com muito orgulho. 

Perguntei-lhe o que fazia a FC tão especial e do que iria sentir mais falta se algum dia saísse. Maria João respondeu-me prontamente: “É tão especial que não me vejo a sair. Isto foi um mergulho, o futuro veio ter comigo”. Relembra a “camaradagem de uma primeira e pequena equipa de pessoas corajosas e hipnóticas, a informalidade e atmosfera casual e muitas gargalhadas”. Pensa em todos os momentos marcantes do seu percurso, criados por pessoas que descreve como “singularmente brilhantes”. “Há tantas memórias que é impossível escolher apenas uma. Mas escolho: conheci de perto Simone Veil, Curadora da FC e anterior Ministra da Saúde em França, que me impressionou muito pela clareza da sua inteligência e coragem de vida.” Já na reta final desta coleção de 20 histórias, é impossível não reparar no mesmo fio condutor que as liga: um mundo de episódios protagonizados por pessoas extraordinárias que formam a História viva da FC. 

Para os próximos vinte anos, Maria João tem “muita esperança que a FC continue a pensar no futuro de forma quase obsessiva” e deseja que esse futuro, sendo concretizável, deixe tudo em aberto para a criatividade como sempre aconteceu até agora, e que permitiu que chegássemos à fronteira dos nossos sonhos com perseverança. 

Maria João Villas-Boas, Coordenadora de Relações Institucionais e Públicas, Fundação Champalimaud

Texto de Diana Cadete, Digital & Events Manager da Equipa de Comunicação, Eventos e Outreach da Fundação Champalimaud

Coleção 20 Anos, 20 Histórias completa aqui

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