12 Novembro 2020

Henrique Veiga-Fernandes recebe Prémio Pfizer 2020

Este prémio, que tem por objetivo contribuir para a dinamização da investigação em ciências da saúde em Portugal, reconheceu as contribuições de Veiga-Fernandes para a área da neuroimunologia.

Henrique Veiga-Fernandes recebe Prémio Pfizer 2020

A cerimónia de entrega dos Prémios Pfizer, o prémio mais antigo na área da investigação biomédica em Portugal, decorreu ontem, dia 11 de novembro. Entre os três cientistas distinguidos está Henrique Veiga-Fernandes, Investigador Principal do Centro Champalimaud e co-diretor da Champalimaud Research.

Veiga-Fernandes foi um dos vencedores na categoria Investigação Básica, premiado pelo seu trabalho pioneiro sobre a interação entre os sistemas imunológico e nervoso. Em particular, o prémio destacou uma descoberta recente do seu laboratório publicada o ano passado na revista científica Nature.

Neste estudo, os investigadores focaram-se na relação entre o sistema imunológico e uma área do cérebro que controla a fisiologia do corpo ao longo do ciclo dia-noite, conhecido como "relógio do cérebro".

A relação entre hábitos de sono e inflamação intestinal

Pessoas que fazem turnos de trabalhos noturnos, ou que mudam com frequência de fuso horário, têm maior probabilidade de apresentar excesso de peso e de sofrer de inflamação intestinal. Vários estudos têm procurado desvendar a causa deste fenómeno, tentando estabelecer  uma relação entre os processos fisiológicos e a atividade do relógio biológico.

A investigação de Veiga-Fernandes identificou um importante interveniente - as células linfóides inatas de tipo 3 (ILC3). Estas células são conhecidas como tendo uma importante contribuição para a saúde intestinal: combatem infeções, controlam a integridade do epitélio intestinal e regulam a absorção de lipídios.

Nas experiências que conduziram, Veiga-Fernandes e a sua equipa descobriram um novo mecanismo através do qual o relógio do cérebro influencia a atividade dessas células. Ao interromper a função do relógio do cérebro, os cientistas identificaram um problema muito específico: “o código postal molecular” que direciona as células ILC3 para o intestino deixou de estar presente.

Na ausência desta informação fornecida pelo cérebro, as células ILC3s não expressavam o tal “código postal molecular que as entrega ao lugar certo, à hora certa do dia. Isto resultou em manifestações de inflamação grave, rutura da barreira intestinal e aumento da acumulação de gordura.

“Este trabalho permitiu-nos identificar o papel destas células no controlo da inflamação do intestino. Além disso, revelou de que maneira a atividade destas células pode ser alterada, e qual o seu próprio ritmo biológico. Este ritmo biológico está associado a diferentes doenças, tais como o cancro, a obesidade e as doenças inflamatórias crónicas. Esta descoberta poderá ser essencial para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas”, afirma Veiga-Fernandes.

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