Enquanto vencedora do Outstanding Mid-Career Researcher Award, Inês Pires da Silva foi reconhecida pelos avanços extraordinários do seu trabalho e pelo impacto global que teve na investigação translacional em cancro. Liderou estudos internacionais que moldaram a prática clínica atual e aprofundaram o conhecimento científico sobre os mecanismos de resistência à imunoterapia. O seu trabalho foi fundamental para demonstrar de que forma os locais mais propensos a metástases, como o fígado, podem influenciar a resposta ao tratamento e os resultados clínicos dos doentes.
Adicionalmente, Pires da Silva foi distinguida pela primeira edição do Marie Krogh Young Women in Science Prize (2025), um prémio que celebra a sua liderança e inovação em oncologia. Entre os seus contributos destaca-se a criação da NeoPlatform, uma iniciativa de investigação pioneira a nível mundial que aplica tecnologias de ponta para personalizar a imunoterapia neoadjuvante, a qual estabeleceu e lidera em conjunto com a Prof.ª Georgina Long. Desenvolveu igualmente a Ferramenta de Predição de Risco de Melanoma para doentes com melanoma avançado, em colaboração com a Prof.ª Georgina Long, o Prof. Alexander Menzies e o Prof. Serigne Lo. Esta ferramenta tornou-se um recurso transformador, orientando a tomada de decisão clínica e informando políticas de saúde, como é exemplo a introdução da imunoterapia combinada na lista do Pharmaceutical Benefits Scheme (PBS) da Austrália para o melanoma avançado.
Ao longo da sua carreira, Pires da Silva publicou mais de 90 artigos científicos, com revisão por pares, em revistas de referência, como The Lancet Oncology, The New England Journal of Medicine, Cancer Cell e The Journal of Clinical Oncology. As suas contribuições têm sido igualmente reconhecidas por importantes organizações internacionais, incluindo a American Society of Clinical Oncology (ASCO), a European Society for Medical Oncology (ESMO) e a Melanoma Research Alliance (MRA).
Para além do seu trabalho de investigação de referência, é uma mentora dedicada e uma defensora ativa de investigadores em início de carreira e das mulheres na ciência. Integra comissões científicas nacionais e internacionais e apoia ativamente o desenvolvimento da próxima geração de líderes em oncologia.
Em conjunto, estes dois prémios reconhecem não apenas o notável contributo de Pires da Silva para a investigação em melanoma, mas também a sua visão de transformar esse conhecimento em melhorias significativas e concretas nos cuidados prestados aos doentes em todo o mundo.
Sobre o Outstanding Mid-Career Researcher Award
O Outstanding Mid-Career Researcher Award distingue investigadores com cinco a dez anos de trabalho, após a conclusão do doutoramento, que tenham demonstrado avanços científicos excecionais, liderança e impacto na sua área de atuação. O prémio celebra o desenvolvimento de investigação inovadora, reconhecida internacionalmente, que contribua para o avanço do conhecimento e para a melhoria de resultados na ciência, na saúde e na sociedade. Reflete o compromisso da Austrália com o apoio à excelência na investigação biomédica e translacional, bem como com a promoção da liderança, da mentoria e de contributos sustentados para o progresso científico.
Sobre o Marie Krogh Young Women in Science Prize
O Marie Krogh Young Women in Science Prize é um prestigiado prémio australiano que distingue mulheres cuja investigação demonstra inovação, liderança e impacto mensurável nos cuidados de saúde. Celebra projectos de investigação de vanguarda que transformam o conhecimento científico em benefícios concretos para os doentes e as comunidades, promovendo simultaneamente a equidade de género e a liderança na investigação. O prémio inclui reconhecimento nacional, apoio financeiro e integração na rede de antigas alunas Marie Krogh, que fomenta a colaboração, a mentoria e a visibilidade das mulheres nas áreas STEM.
O prémio é uma iniciativa apoiada pela Marie Krogh Foundation, dedicada ao avanço da descoberta científica e à promoção da liderança feminina na investigação. Com o nome da Dra. Marie Krogh, pioneira na ciência médica, a Fundação perpetua o seu legado ao capacitar novas gerações de cientistas mulheres para desafiar limites, influenciar políticas de saúde e inspirar a mudança.
Texto por Teresa Fernandes, Co-coordenadora da Equipa de Comunicação, Eventos e Outreach da Fundação Champalimaud